A minissérie Tremembé, produzida exclusivamente para o Prime Video, promete sacudir a telona brasileira com uma narrativa crua e intensa sobre a vida dentro de uma das prisões mais temidas do país. Estreia em 31 de outubro de 2025, às 00:00 (horário de Brasília), e traz um elenco estrelado interpretando criminosos reais que dominaram os noticiários nas últimas duas décadas. A produção, dirigida por Vera Egito e Daniel Lieff, não busca apenas entreter — ela quer fazer o espectador sentir o peso das grades, o silêncio dos corredores e o calor das tensões entre detentos que já foram celebridades da mídia.
Uma prisão que virou símbolo
O Complexo Penitenciário de Tremembé, no interior de São Paulo, não é apenas uma unidade prisional. É um lugar onde a história do crime brasileiro se entrelaça com a cultura popular. Conhecido como "a cadeia dos famosos" ou "a prisão das estrelas", abrigou nomes como Suzane von Richthofen, Anna Carolina Jatobá, Sandra Regina Ruiz (Sandrão) e Elize Matsunaga. A série não inventa nada: tudo o que se vê foi extraído dos autos judiciais e dos livros de Ullisses Campbell, especialmente "Suzane - Assassina e Manipuladora" e "Elize - A Mulher que Esquartejou o Marido". É verdade, mas com a intensidade da ficção.Elenco de peso, atuações que doem
Marina Ruy Barbosa, conhecida por papéis de princesas e heroínas, mergulha de cabeça no papel de Suzane von Richthofen — uma jovem que, aos 19 anos, planejou o assassinato dos próprios pais em 2002 e foi condenada a 39 anos de prisão. "Tremembé é quase como um estudo psicológico", disse ela à coluna Terraco Paulistano da Veja São Paulo. "Vamos mostrar os bastidores do que aconteceu após a condenação. É uma glória ter um projeto totalmente brasileiro, feito aqui, e levar isso para o mundo." Carol Garcia, por sua vez, encarna Elize Matsunaga, condenada a 16 anos pelo esquartejamento do marido, empresário da Yoki, em 2012. "Tivemos um material vivo e humano para acoplar ao nosso estudo", contou Garcia. Ela passou semanas analisando entrevistas da ré na TV, observando cada gesto, cada pausa no discurso. "Não era só decorar falas. Era entender o silêncio que vem depois de um crime." Bianca Comparato interpreta Anna Carolina Jatobá, esposa de Alexandre Nardoni, condenada por participação no assassinato da enteada Isabella Nardoni, jogada do sexto andar de um prédio em São Paulo. Já Felipe Simas veste a pele de Daniel Cravinhos, irmão de Cristian Cravinhos, envolvido no mesmo caso. Lucas Oradovschi vive Alexandre Nardoni — o homem cujo nome se tornou sinônimo de impunidade e privilégio.Entre a realidade e a ficção
A série tem cinco episódios de 45 minutos cada, e cada um foca em uma dinâmica diferente: o poder das hierarquias entre detentos, o isolamento das mulheres, o papel da mídia na construção de monstros, a relação com familiares e, por fim, a tentativa de redenção — ou a farsa dela. A produção não se limita a recriar crimes. Ela questiona: quem são essas pessoas quando as câmeras saem da frente da cela? O que elas sentem quando o silêncio toma conta do presídio? A Tecmundo resumiu bem: "Tremembé promete ir além das manchetes." E isso é exatamente o que a diferencia de outras produções de true crime. Não há dramatização exagerada. Não há música sensacionalista. Há, sim, um cuidado quase documental — mas com a força emocional da dramaturgia.
Um retrato do sistema prisional brasileiro
A série não é só sobre os criminosos. É sobre o sistema que os acolhe. O Complexo Penitenciário de Tremembé, com sua superlotação e falta de estrutura, torna-se um personagem. A produção mostra como presos de alta notoriedade têm acesso a privilégios — celas individuais, visitas frequentes, até mesmo internet — enquanto milhares de outros permanecem em condições desumanas. É um contraste cruel, e a série não o ignora. Segundo a Wikipedia, a produção "levanta debates essenciais sobre o sistema prisional brasileiro e suas implicações sociais". E não é só isso: ela também expõe como a justiça, a mídia e a opinião pública se alimentam uns dos outros. Suzane virou símbolo de classe alta desprovida de remorso. Elize, de mulher quebrada pela violência doméstica. Anna Carolina, de mãe ausente. Todos foram julgados antes de serem condenados.O que vem depois da estreia
Com avaliação de 6,8/10 no IMDb, baseada em mais de 400 votos, e popularidade de 141, a expectativa já é alta. A série será lançada globalmente no Prime Video, o que significa que o mundo inteiro poderá ver como o Brasil lida — ou não lida — com seus crimes mais impactantes. A produção contou com 33 atores, 8 produtores, 2 diretores de fotografia, 5 editores e 14 departamentos técnicos. É uma máquina de alta precisão, feita com recursos nacionais, para contar uma história que só o Brasil poderia viver. Ainda não há confirmação de uma segunda temporada. Mas se a primeira fizer o impacto esperado, a pergunta não será se haverá mais episódios — mas se o sistema prisional brasileiro estará pronto para olhar no espelho.Frequently Asked Questions
Quem são os principais personagens reais retratados em Tremembé?
A série retrata Suzane von Richthofen (interpretada por Marina Ruy Barbosa), condenada por matar os pais em 2002; Elize Matsunaga (Carol Garcia), que esquartejou o marido em 2012; Anna Carolina Jatobá (Bianca Comparato), envolvida na morte da enteada Isabella Nardoni; e Daniel Cravinhos (Felipe Simas), irmão de Cristian, também envolvido no caso da menina. Todos são personagens reais cujos processos judiciais foram consultados para a produção.
Por que Tremembé é considerada uma produção 100% brasileira?
Tudo foi feito no Brasil: o roteiro, por autores nacionais como Vera Egito e Ullisses Campbell; o elenco, formado por atores brasileiros; a filmagem, no próprio Complexo Penitenciário de Tremembé e em estúdios de São Paulo; e a produção, com equipe técnica 100% local. Mesmo sendo distribuída pela Amazon, a série não tem nenhuma influência externa na criação, tornando-a um marco do audiovisual nacional.
A série é fiel aos fatos reais?
Sim, em essência. A produção se baseou nos autos judiciais e nos livros de Ullisses Campbell, mas usou liberdade dramática para construir diálogos e cenas que não existem nos registros. Não há inventos de crimes, mas há interpretações psicológicas que ampliam o entendimento do que aconteceu — sem distorcer os fatos centrais.
Como a série trata o sistema prisional brasileiro?
Tremembé não glorifica nem condena o sistema. Ela mostra como a superlotação, a desigualdade e a falta de políticas públicas criam um ambiente onde até criminosos famosos vivem em privilégios, enquanto a maioria sofre. O contraste entre celas com TV e banheiros sem água é um dos temas centrais — e não é dramatização, é realidade.
Por que a estreia é em outubro de 2025?
A data foi escolhida estrategicamente: 31 de outubro é o Dia das Bruxas, um momento em que o público está mais aberto a histórias sombrias e psicológicas. Além disso, a produção precisou de tempo para finalizar a edição e garantir a precisão dos detalhes jurídicos e emocionais — o que exigiu mais de um ano de pós-produção.
Haverá uma segunda temporada?
Ainda não há confirmação oficial. Mas se a primeira temporada gerar o impacto esperado — especialmente nos debates sobre justiça e mídia — é provável que o Prime Video aproveite o sucesso para expandir a série, talvez focando em outros presídios como o de Catanduvas ou o de Carandiru.