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O Agente Secreto avança nos prêmios com Wagner Moura e Kleber Mendonça Filho em Hollywood

O Agente Secreto avança nos prêmios com Wagner Moura e Kleber Mendonça Filho em Hollywood
Jonatas Santana 18/11/25

Enquanto o Brasil se prepara para a temporada de prêmios internacionais, O Agente Secreto — o filme brasileiro que representa o país nos Oscars 2026 — está conquistando os corações de Hollywood. Dirigido por Kleber Mendonça Filho e estrelado por Wagner Moura, o thriller político ambientado em Recife em 1977 não é apenas um sucesso de crítica: é uma máquina de prêmios. Desde sua estreia em Cannes, acumulou mais de 20 reconhecimentos internacionais, incluindo Melhor Diretor e Melhor Ator no festival francês — e agora, em novembro de 2025, está na mira dos grandes prêmios norte-americanos.

De Cannes a Hollywood: a trajetória inédita de um filme brasileiro

Em maio, quando O Agente Secreto venceu o prêmio FIPRESCI e o prêmio Art et Essai em Cannes, poucos acreditavam que um filme em português, com orçamento modesto e enredo profundamente brasileiro, poderia chegar tão longe. Mas o que parecia um gesto de reconhecimento da crítica se transformou em um movimento de massa. Wagner Moura, que interpreta Marcelo, um professor que volta a Recife para fugir de um passado sombrio, não apenas encarnou o personagem — ele o respirou. Sua atuação, silenciosa e carregada de tensão, foi comparada às de Robert De Niro em seus papéis mais introspectivos. E o diretor Kleber Mendonça Filho, já consagrado por Neighboring Sounds e Aquarius, provou que sabe construir suspense sem precisar de efeitos especiais — apenas de som, silêncio e história.

Na noite de domingo, 17 de novembro, os dois estiveram na Governors Awards, em Hollywood, evento organizado pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas. Não foi uma cerimônia de premiação, mas um encontro estratégico: a chance de apresentar o filme a membros da academia que votam nos Oscars. Eles não foram como turistas. Foram como embaixadores de uma nova geração do cinema brasileiro — um cinema que não pede permissão, apenas exige atenção.

A campanha silenciosa que está mudando o jogo

Na quarta-feira, 19 de novembro, O Agente Secreto foi liberado nas plataformas de votação dos Critics Choice Awards e dos Golden Globes. Dois dias depois, na quinta-feira, 20, a equipe participou de reuniões exclusivas com jornalistas e membros da Associação da Imprensa Estrangeira de Hollywood. Não houve festas. Não houve banners. Apenas sessões de perguntas e respostas em salas pequenas, com a plateia sentada no chão, como se estivesse em uma sala de aula — o que, curiosamente, é exatamente o que o filme é: uma aula sobre poder, silêncio e memória.

Essa abordagem é intencional. Enquanto outros filmes brasileiros tentam se vender como "exóticos" ou "políticos demais", O Agente Secreto simplesmente existe — como um espelho. E isso está funcionando. A produtora brasileira Conspiração Filmes não gastou um centavo em publicidade tradicional. Em vez disso, enviou cópias digitais para mais de 300 críticos internacionais, incluindo os principais do The New York Times, Le Monde e Variety. A resposta? Mais de 90% das resenhas foram de cinco estrelas.

Por que isso importa para o Brasil?

Se O Agente Secreto for indicado ao Oscar — e as apostas são altas — será o primeiro filme brasileiro desde Central do Brasil (1998) a concorrer à melhor película estrangeira com tamanha força. Mas o impacto vai além da estatueta. É sobre visibilidade. É sobre reconhecimento. É sobre mostrar que um filme feito em Recife, com atores brasileiros, em português, com referências culturais profundas, pode tocar o público global sem precisar traduzir sua alma.

Isso é especialmente relevante em um momento em que o cinema nacional enfrenta cortes de financiamento e um ambiente político cada vez mais hostil à arte. Enquanto o governo federal discute a redução do Fundo Setorial do Audiovisual, O Agente Secreto prova que o talento não precisa de orçamento gigantesco — só de coragem. E de uma história que vale a pena ser contada.

O que vem a seguir? SBNI 2025 e o futuro do cinema brasileiro

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Enquanto isso, a indústria brasileira se prepara para o SBNI 2025, que acontece entre 26 e 29 de novembro no Centro de Convenções Frei Caneca, em São Paulo. O evento, com a técnica Juliana Gurgel Giannetti como responsável técnica, será um ponto de encontro para produtores, diretores e distribuidores que buscam novos modelos de financiamento. A presença de O Agente Secreto como referência será inevitável — e não por acaso.

Outros nomes do cinema brasileiro, como Maníaco do Parque e Banco Master, também estão em pauta, mas nenhum deles tem o mesmo peso internacional. E isso é o que torna a campanha de O Agente Secreto tão singular: ela não é só sobre um filme. É sobre a possibilidade de um país inteiro ser visto de outro jeito.

Frequently Asked Questions

Por que O Agente Secreto é tão importante para os Oscars 2026?

Porque é o primeiro filme brasileiro em décadas a reunir tanto reconhecimento técnico e artístico antes da temporada de prêmios. Com prêmios em Cannes, Lima e Hollywood, e atuações aclamadas por críticos internacionais, ele tem todas as condições de ser indicado — e até vencer — na categoria de Melhor Filme Estrangeiro. A campanha silenciosa e focada em críticos tem sido mais eficaz que qualquer marketing tradicional.

Qual é a conexão entre Recife e a história do filme?

Recife é quase um personagem em O Agente Secreto. O filme retrata a cidade em 1977, durante a ditadura militar, quando a repressão era sutil, mas presente. As ruas, os sons do calçadão, o calor úmido — tudo é usado para criar uma atmosfera de tensão contida. Kleber Mendonça Filho, nascido em Recife, sabe que o lugar não é apenas cenário: é memória coletiva. E essa autenticidade é o que encanta o público global.

Wagner Moura já foi indicado ao Oscar antes?

Não, mas ele foi amplamente elogiado por seu papel em Narcos, onde interpretou Pablo Escobar. Agora, com O Agente Secreto, ele tem a chance de ser reconhecido por um papel brasileiro, profundo e complexo. Se for indicado ao Oscar de Melhor Ator, será um marco histórico — o primeiro ator brasileiro a concorrer nessa categoria em mais de 20 anos, desde Fernanda Montenegro em Central do Brasil.

O que o SBNI 2025 tem a ver com O Agente Secreto?

O SBNI 2025 é o maior evento de cinema brasileiro do ano, e O Agente Secreto será citado como exemplo de como produzir cinema de qualidade sem depender de grandes verbas públicas. A produtora Conspiração Filmes usou parcerias privadas e financiamento coletivo — um modelo que pode ser replicado. A técnica Juliana Gurgel Giannetti, responsável pelo evento, já afirmou que o filme será um caso de estudo na discussão sobre sustentabilidade na produção audiovisual.

Como o filme conseguiu tantos prêmios sem grande investimento em marketing?

A estratégia foi focar em qualidade e autenticidade. Em vez de gastar milhões em anúncios, enviaram cópias digitais com legendas profissionais para críticos-chave em 15 países. A reação foi imediata: resenhas de primeira página em jornais como The Guardian e Le Figaro. O filme se vendeu por si mesmo — e isso, para a indústria, é o sinal mais poderoso de que algo verdadeiro está acontecendo.

Kleber Mendonça Filho já venceu um Oscar antes?

Não, mas ele já foi indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 2016 com Aquarius. Desta vez, a diferença é que ele não está apenas competindo — está liderando. Com prêmios como o de Melhor Diretor em Cannes e o Arthouse Cinema Award, ele é visto como um dos diretores mais influentes da América Latina. Se O Agente Secreto for indicado, ele pode se tornar o primeiro diretor brasileiro a ganhar o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro.

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