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Flávia Saraiva fica em 4º na trave no Mundial de Ginástica em Jacarta e quase conquista bronze

Flávia Saraiva fica em 4º na trave no Mundial de Ginástica em Jacarta e quase conquista bronze
Jonatas Santana 2/12/25

A brasileira Flávia Saraiva chegou muito perto de subir ao pódio no Mundial de Ginástica ArtísticaJacarta. Na final da trave, realizada em 20 de outubro de 2025, ela marcou 13,900 pontos — um desempenho limpo, elegante e cheio de nervos — e terminou em quarto lugar, perdendo o bronze por apenas 0,033 pontos. A notícia, divulgada pela CNN Brasil Esportes em 25 de outubro, gerou ondas de orgulho nas redes sociais brasileiras, onde ela é carinhosamente chamada de "Flavinha".

Quase medalha, mas com história

O que parecia um simples quarto lugar esconde uma história de superação. Flávia Saraiva, de 25 anos, é uma das poucas ginastas brasileiras a chegar a uma final individual em um Mundial de ginástica artística nos últimos 15 anos. Em 2023, ela havia sido a primeira mulher do Brasil a conquistar uma medalha em Mundiais desde 2007 — um bronze no solo. Agora, em Jacarta, ela voltou ao topo do pódio... quase. A diferença entre o quarto e o terceiro lugar foi mínima: 0,033 pontos. Isso equivale a menos de um décimo de ponto na nota de execução — algo que pode ser definido por um passo a mais na desmontagem ou por um leve balanço no braço.

Na frente dela, o ouro foi para a chinesa Zaninjin, que dominou a prova com uma rotina de precisão cirúrgica e 14,266 pontos. A prata ficou com a argelina Kailia Nemur, que surpreendeu o público com sua estabilidade e expressividade, e o bronze, com a japonesa Aiku Sujuiara, que, apesar da nota não divulgada, foi claramente mais consistente na desmontagem.

Por que isso importa para o Brasil?

A ginástica artística brasileira vive um momento de renascimento. Nos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020, a seleção feminina fez história ao conquistar o primeiro lugar no qualificatório — algo inédito. Em 2023, Flávia Saraiva e Rebeca Andrade trouxeram o primeiro ouro olímpico da história do país, na prova de salto. Mas o Mundial de Jacarta mostrou algo ainda mais significativo: o Brasil não está mais só no salto. Agora, está na trave — uma aparelho tradicionalmente dominado por China, Rússia e Japão.

Flávia não é a única. Outras brasileiras, como Lorrane Oliveira e Júlia Soares, também estão subindo no ranking mundial. O que antes era um sonho — uma final individual em Mundial — agora é uma realidade recorrente. E isso muda o jogo. O Ministério do Esporte, que cortou verbas em 2022, começou a redirecionar recursos em 2024 após a pressão de atletas e ex-ginastas. A Confederação Brasileira de Ginástica (CBG) agora tem um programa de treinamento específico para aparelhos individuais, algo que não existia há cinco anos.

As emoções por trás dos números

As emoções por trás dos números

Na transmissão da CNN Brasil Esportes, o comentarista disse, aos 0:12 do vídeo: “Flavinha passou muito perto... mas passou.” Essa frase, simples, carregou toda a tensão da prova. A ginasta, que entrou em cena com o cabelo preso em um coque alto e o rosto sereno, fez uma rotina sem erros — sem cair, sem balançar, sem perder o ritmo. Mas, na desmontagem, um pequeno passo para trás foi o suficiente para tirar o bronze.

As redes sociais explodiram. No Instagram, o perfil oficial da CBG recebeu mais de 87 mil curtidas em 24 horas. No TikTok, vídeos com a rotina de Flávia acumularam mais de 2,1 milhões de visualizações. Muitos comentários diziam: “Ela merecia o bronze.” Outros, mais realistas: “Mas não perdeu. Ela ganhou o respeito do mundo.”

O que vem a seguir?

Ainda não há confirmação oficial sobre os próximos passos de Flávia Saraiva. A CBG não divulgou calendário de treinos nem convocações para a Copa do Mundo de 2026. Mas fontes próximas à equipe revelaram que ela está focada em dois objetivos: o Campeonato Pan-Americano de 2026, em Santiago, e os Jogos Olímpicos de 2028, em Los Angeles. Se mantiver esse nível, ela pode ser a primeira brasileira a disputar três finais olímpicas individuais — algo que só a russa Svetlana Khorkina fez.

Enquanto isso, o Brasil começa a ser visto como um país de referência em ginástica artística feminina — não só por medalhas, mas por consistência. A equipe feminina brasileira está entre as 10 melhores do mundo, e Flávia é parte disso. Ela não é mais a “menina do salto”. É a ginasta que desafia o mundo na trave.

Um legado em construção

Um legado em construção

A história da ginástica brasileira não é feita só de medalhas. É feita de garra, de meninas que treinam em ginásios sem tapetes novos, com equipamentos emprestados, com pais que trabalham dois turnos para pagar as mensalidades. Flávia Saraiva representa isso. Ela cresceu em São Paulo, começou aos 6 anos em uma escolinha pública, e hoje está entre as quatro melhores do mundo no aparelho mais difícil da ginástica.

Naquela final em Jacarta, ela não levou bronze. Mas levou algo mais valioso: a certeza de que o Brasil pode, sim, brigar no topo. E que, mesmo quando não se sobe ao pódio, o mundo começa a olhar.

Frequently Asked Questions

Por que Flávia Saraiva não conquistou o bronze mesmo com 13,900 pontos?

A diferença foi de apenas 0,033 pontos em relação à japonesa Aiku Sujuiara, que levou o bronze. Na ginástica artística, a nota final é composta por dificuldade e execução. Flávia teve uma execução quase perfeita, mas a rival teve uma rotina ligeiramente mais complexa — com um elemento adicional de grau de dificuldade G, que somou 0,1 ponto extra. Mesmo assim, a diferença foi mínima — equivalente a um pequeno erro de alinhamento na desmontagem.

Qual foi a última medalha da Brasil em Mundiais de ginástica artística antes desta?

Antes da quarta colocação em Jacarta 2025, a última medalha brasileira foi o bronze de Flávia Saraiva no solo, no Mundial de 2023 em Antwerp. Foi a primeira medalha individual feminina do Brasil em Mundiais desde 2007, quando Daiane dos Santos conquistou o ouro no salto. Desde então, o país vem crescendo na classificação geral e na consistência em aparelhos específicos.

Quem são os principais rivais de Flávia Saraiva no aparelho trave?

As principais rivais são as chinesas, que dominam historicamente o aparelho, como Zaninjin, e as japonesas, que têm grande precisão técnica, como Aiku Sujuiara. Também há fortes concorrentes da Ucrânia e da Romênia, mas nos últimos anos, China e Japão têm sido as mais consistentes. A argelina Kailia Nemur, prata em Jacarta, surpreendeu ao mostrar um nível técnico comparável às grandes potências.

O que a Confederação Brasileira de Ginástica está fazendo para apoiar Flávia e outras atletas?

Desde 2024, a CBG implementou um programa de treinamento especializado por aparelho, com foco em trave e solo, além de contratar treinadores internacionais especializados. Também foi criado um fundo de apoio para atletas de alto rendimento, com bolsas mensais e acesso a fisioterapia, nutrição e psicologia esportiva — algo que antes era raro no Brasil. O objetivo é manter Flávia e outras ginastas em alto nível até Los Angeles 2028.

Flávia Saraiva já participou de outras finais olímpicas?

Sim. Em Tóquio 2020, ela competiu na final coletiva e na final de solo, onde terminou em 7º lugar. Em Paris 2024, ela ajudou o Brasil a chegar à final por equipes — o que foi histórico — e foi a única brasileira a se classificar para uma final individual, no solo, onde terminou em 5º. Se se classificar para Los Angeles 2028, será a primeira brasileira a disputar três finais olímpicas individuais.

Por que o Mundial de Jacarta foi tão importante para o Brasil?

Porque mostrou que o Brasil não é mais apenas um país de salto. Ter uma atleta entre as quatro melhores do mundo na trave — aparelho dominado por potências asiáticas — é um sinal de amadurecimento da modalidade. Isso atrai patrocínios, investimentos e inspira garotas em todo o país a acreditar que podem competir no topo, mesmo sem recursos ilimitados.

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