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Giorgia Meloni na capa da Time: nova cara do nacionalismo europeu

Giorgia Meloni na capa da Time: nova cara do nacionalismo europeu
Jonatas Santana 14/10/25

Quando Giorgia Meloni, primeira‑ministra da Itália apareceu na capa da Time em 30 de setembro de 2024, o cenário político europeu ganhou um novo foco. A reportagem, escrita por Massimo Calabresi, chefe da delegacia de Washington da revista, foi realizada em Roma durante agosto de 2024 e trouxe à tona uma série de contradições que marcam o governo de Fratelli d'Italia. Além disso, o perfil menciona a próxima eleição para o Parlamento Europeu (6 a 9 de junho de 2024), destacando a influência crescente da líder italiana nas corridas políticas de 27 países da UE.

Contexto político da ascensão de Meloni

Meloni, 48 anos, chegou ao poder em 22 de outubro de 2022, tornando‑se a primeira mulher a chefiar o governo italiano. Seu percurso, de origem operária em Roma a líder do partido de direita Fratelli d'Italia em 2014, surpreendeu analistas que esperavam que a extrema‑direita permanecesse marginalizada após a Segunda Guerra Mundial.

O nacionalismo que Meloni propaga combina uma retórica populista com apoio firme à OTAN e à União Europeia, algo que poucos líderes de direita haviam conseguido equilibrar até então. Essa estratégia tem inspirado movimentos semelhantes de Portugal a Romênia, onde partidos antes marginalizados vêm ganhando cadeiras nos parlamentos nacionais.

Detalhes da reportagem da Time

A capa da edição de 30 de setembro traz o título “Where Giorgia Meloni Is Leading Europe”. Dentro das páginas, Calabresi descreve Meloni como "uma mulher de 1,60 m, mãe solteira e sem diploma universitário" que, paradoxalmente, defende a integração europeia ao mesmo tempo que critica o que chama de "globalismo homogenizante". Segundo a entrevista, "Primeiro, precisamos defender quem somos, nossa cultura, nossa identidade, nossa civilização" – frase dita enquanto Meloni cruzava os braços diante de uma bandeira italiana.

  • Meloni afirma apoio total à aliança transatlântica, citando o presidente norte‑americano Joe Biden como parceiro estratégico.
  • Ela elogia o presidente ucraniano Volodymyr Zelenskyy por sua resistência contra a Rússia.
  • Reconhece a importância da presidente da Comissão Europeia Ursula von der Leyen na definição de políticas de energia e defesa.
  • Destaca a elevação da nota de crédito da Itália para BBB+ (outra melhoria em mais de dez anos) concedida pela Standard & Poor's em março de 2024.

Entretanto, o texto também aponta restrições autoritárias: centralização do poder executivo, pressão sobre a mídia, medidas rigorosas contra imigrantes sem‑documentação e limitação de protestos.

Reações dentro da Fratelli d'Italia

O site Wanted in Rome, em 24 de setembro de 2024, registrou celebrações imediatas por parte dos membros do partido, que consideram a capa como reconhecimento internacional. Ainda assim, o portal apontou que a ala mais moderada ainda não leu a matéria completa, que contém críticas contundentes de veículos de esquerda como Il Fatto Quotidiano.

Dentro do congresso do partido, alguns líderes mais jovens questionam a estratégia de “isolar a China” enquanto buscam manter laços comerciais que ainda são vitais para a economia italiana.

Impactos nas alianças internacionais

Impactos nas alianças internacionais

Ao reforçar o compromisso com a OTAN, Meloni tem estreitado laços com Washington e Kiev, mas ao mesmo tempo tem provocado tensões com Moscou, que vê a política italiana como “hostil”. O posicionamento pro‑Ucrânia também facilitou acordos de energia com a UE, reduzindo a dependência de gás russo.

Na esfera europeia, o modelo melonista tem sido estudado por partidos da Alemanha, Hungria e Polônia, que buscam reproduzir a combinação de patriotismo e apoio institucional ao Ocidente. A cobertura da Time descreve Meloni como "o sussurro de Trump na Europa", indicando que sua influência pode mudar a dinâmica das próximas eleições ao Parlamento Europeu.

Perspectivas para as próximas eleições europeias

Com as votações marcadas para 6 a 9 de junho de 2024, analistas veem a Itália como ponto de teste para a “nova onda” de direita nacional‑soberana. Se o Fratelli d'Italia conseguir ampliar sua presença em Bruxelas, outras formações poderiam seguir o mesmo caminho, pressionando a Comissão Europeia a adotar políticas mais conservadoras.

Entretanto, críticos alertam que a tendência de centralização do poder pode gerar conflitos internos, especialmente no judiciário, que tem sido alvo de tentativas de controle por parte do governo. A nota de crédito melhorada pode ser um alívio econômico curto‑prazo, mas não garante estabilidade política a longo prazo.

Perguntas Frequentes

Como a cobertura da Time afeta a imagem de Meloni na Europa?

A reportagem projeta Meloni como uma figura central do novo nacionalismo europeu, reforçando sua reputação entre partidos de direita. Ao mesmo tempo, destaca contradições que alimentam críticas de centristas e de esquerda, criando um debate mais amplo sobre o futuro da integração regional.

Quais são as principais críticas ao governo de Meloni?

Os críticos apontam a concentração de poder executivo, a pressão sobre a mídia independente, a restrição a protestos e a política de imigração rigorosa. Organizações de direitos humanos também denunciam a falta de ação contra a discriminação de gênero apesar das declarações da primeira‑ministra.

Qual o impacto da nota de crédito BBB+ concedida pela Standard & Poor's?

A elevação para BBB+ reduz o custo de financiamento externo da Itália, permitindo ao governo adquirir recursos a juros menores. Isso fortalece a capacidade de investimento em infraestrutura, embora não resolva questões estruturais como dívida pública elevada e desafios no mercado de trabalho.

O que os partidos de direita em outros países podem aprender com Meloni?

Eles observam como conjugar apoio ao ocidente – NATO e UE – com um discurso nacionalista que ressoa com eleitores insatisfeitos. A estratégia de Meloni de manter alianças internacionais ao mesmo tempo que reforça a identidade cultural pode servir de modelo para movimentos que buscam legitimidade institucional.

Como a cobertura da Time influencia as próximas eleições europeias?

Ao destacar a ascensão de Meloni, a Time coloca a Itália como referência para partidos alt‑right em toda a UE. Isso pode intensificar campanhas nacional‑soberanas e pressionar partidos centristas a redefinir suas plataformas antes das eleições de junho de 2024.

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Comentários

  • Michele Souza
    Michele Souza
    14.10.2025

    Gente, a coisa tá louca, né? A Meloni conquistando capa da Time mostra que o nacionalismo tá dando as caras de novo. Mas ainda dá pra ter esperança de que políticas mais humanas apareçam no cenário europeu. Vamos ficar de olho nas próximas eleições, quem sabe surge alguém que una identidade e solidariedade.


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