Na noite de 21 de agosto de 2025, o Sport Club Internacional viu sua temporada continental se encerrar de forma amarga. Derrotado por Clube de Regatas do Flamengo por 2 a 0 no Estádio José Pinheiro Borda (Beira-Rio), em Porto Alegre, o Inter foi eliminado da Copa Libertadores com um placar agregado de 3 a 0 — após perder por 1 a 0 na primeira partida, no Maracanã, uma semana antes. O capitão Alan Patrick da Silva Santos, de 32 anos, não escondeu a frustração. "Faltou assumir o protagonismo. Não conseguimos ter a bola, criar oportunidades, impor nosso jogo. O Flamengo foi melhor, ponto final", disse ele, em entrevista ao Globo Esporte, com o estádio ainda cheio de gritos de desaprovação. E não foi só o resultado: foi a forma. O Inter, campeão brasileiro em 2024, foi superado em todos os aspectos. Nada de pressão, nada de criatividade, nada de coragem. Só silêncio. E o pior? Foi a terceira derrota consecutiva para o Flamengo em apenas duas semanas. Antes, já haviam caído na Copa do Brasil para o Fluminense, em 7 de agosto, no mesmo Maracanã. A sensação é de que algo quebrou. E ninguém quer ignorar isso.
"A responsabilidade é de todos"
Alan Patrick, que veste a braçadeira de capitão desde 2023, não apontou dedos. Não culpou o técnico, nem a arbitragem, nem a torcida. "A responsabilidade é de todos", afirmou, com a voz embargada. E foi mais além: "É dolorida a eliminação. Queríamos dar outro resultado para o nosso torcedor. Não conseguimos. Passou quem foi melhor." Essa humildade, rara em momentos de crise, foi o que mais chamou atenção. Enquanto muitos jogadores se escondem atrás de desculpas, ele encarou o espelho. E o reflexo não era bonito. O Inter não só perdeu a bola — perdeu a identidade. Em casa, no Beira-Rio, onde costuma ser temido, o time jogou como se tivesse medo de errar. E isso, no futebol moderno, é um suicídio. O Flamengo, por outro lado, foi implacável. Comandado por um sistema tático apertado e uma transição rápida, aproveitou cada erro, cada hesitação. E o Inter? Ficou parado. Sem direção.
Consequências que vão além da Libertadores
A eliminação custou caro — literalmente. O Inter deixou de receber cerca de R$ 25 milhões em prêmios da Libertadores, impactando diretamente o orçamento de 2025, que era de R$ 420 milhões. Mas o dano não é só financeiro. O clube, fundado em 1909, enfrenta sua primeira eliminação precoce na competição desde 2019, interrompendo uma sequência de quatro quartas de final consecutivas. Isso é histórico. E doloroso para uma torcida de 14 milhões de pessoas, que esperava algo mais. Nos últimos 15 jogos contra clubes do Rio, o Inter perdeu sete — e as três contra o Flamengo em 2025 foram todas por 1 a 0. É um padrão. Um ciclo. E agora, com o time em 12º lugar no Brasileirão, com 24 pontos, apenas cinco acima da zona de rebaixamento, a pressão cresce. O próximo jogo? Contra o Ceará, no Castelão, em Fortaleza, no sábado, 23 de agosto, às 21h30. Sem tempo para lamentar. Sem tempo para respirar.
O que vem depois da crise?
A diretoria, chefiada por Marcelo Méndez desde janeiro de 2023, convocou uma reunião de emergência para 22 de agosto, no Parque Gigante, em Eldorado do Sul. O foco? Não é só o técnico Abel Ferreira, nomeado em junho — embora ele já esteja sob fogo. É o grupo inteiro. A filosofia de jogo. A preparação mental. A liderança. Alan Patrick, que chegou do Santos em 2022 por €3,5 milhões, é agora o principal porta-voz da renovação. "Precisamos buscar o equilíbrio que esse grupo já mostrou ser capaz de alcançar", disse ele. Mas será que ainda existe esse equilíbrio? A equipe, avaliada em €87,3 milhões pela Transfermarkt, tem talento — mas falta caráter. Falta garra. Falta vontade de sofrer. E isso não se compra. Se constrói. Nos treinos. Nos jogos. Nas horas difíceis.
Reação da torcida e o peso da expectativa
As vaias no Beira-Rio não foram só de frustração. Foram de traição. Milhares de torcedores deixaram o estádio antes do fim. Mas 12.347 permaneceram até o apito final — uma demonstração de lealdade rara. Nas redes sociais, os comentários eram de dor. "Não é falta de técnica, é falta de alma", escreveu um torcedor. Outro, mais direto: "O Inter está perdendo a alma do futebol." E ele tem razão. O clube que foi campeão da Libertadores em 2006, que fez história com jogadores como Dida, Ronaldo Fenômeno e Dario, hoje parece um time sem rumo. Sem referência. Sem líder. Alan Patrick tenta ser esse líder. Mas não pode fazer sozinho. A torcida espera mais. E o futebol, como sempre, não perdoa.
O que muda agora?
Na sexta-feira, 22 de agosto, às 10h, a equipe embarca em um voo da LATAM (LA4521) de Porto Alegre para Fortaleza. Nenhum treino na manhã do dia 23. Só mentalização. Só foco. O técnico Abel Ferreira não tem margem para erros. Se o Inter perder para o Ceará, a pressão se torna insustentável. Se vencer? Talvez haja um sopro de esperança. Mas o que realmente importa agora não é o próximo jogo. É o que vem depois. O que o Inter vai fazer para não repetir isso no ano que vem? Será que vai trocar o técnico? Reformular o elenco? Mudar a cultura? A torcida quer respostas. E não vai esperar muito.
Frequently Asked Questions
Por que a eliminação da Libertadores foi tão dura para o Inter?
Porque o Inter era o campeão brasileiro de 2024 e entrava na competição como favorito. Além disso, era a quinta participação consecutiva nas quartas de final da Libertadores — uma marca histórica. A eliminação nas oitavas, em casa, por 3 a 0, rompeu uma sequência de 10 jogos sem perder na competição desde 2022. É um retrocesso técnico e emocional.
Qual foi o impacto financeiro da eliminação?
O Inter perdeu cerca de R$ 25 milhões em prêmios da Libertadores, que incluem premiações por vitórias, classificação e participação. Isso representa quase 6% do orçamento anual de R$ 420 milhões, afetando diretamente investimentos em contratações, infraestrutura e programas de base. O clube já havia contado com esse dinheiro para equilibrar o caixa.
Alan Patrick está sob risco de ser substituído como capitão?
Não há indícios disso. Pelo contrário: sua postura após a eliminação foi elogiada pela diretoria e pela torcida. Ele foi o único jogador a assumir responsabilidade publicamente, sem desculpas. A liderança dele é vista como essencial para a recuperação do grupo. Trocá-lo agora seria um sinal de fraqueza, não de mudança.
O técnico Abel Ferreira corre risco de ser demitido?
O risco é real. Ferreira foi contratado em junho com o objetivo de conquistar títulos, e a eliminação precoce na Libertadores é um fracasso. Mas ele ainda tem apoio da diretoria, que valoriza sua experiência. A decisão dependerá do desempenho contra o Ceará e dos próximos 5 jogos do Brasileirão. Se o Inter não subir para o G-6 até setembro, a pressão será insuportável.
Por que o Inter perde tanto para times do Rio?
Desde 2024, o Inter perdeu 7 dos 15 jogos contra clubes do Rio — incluindo as três derrotas para o Flamengo em 2025. A explicação está na superioridade tática e na pressão psicológica. Times cariocas jogam com mais intensidade contra o Inter, e o time gaúcho parece se intimidar. Além disso, há uma lacuna na transição defesa-ataque, que os times do Rio exploram com precisão.
O que a torcida espera agora?
A torcida não quer apenas vitórias. Quer identidade. Quer coragem. Quer um time que jogue para ganhar, não para não perder. A expectativa é que o Inter se reencontre no Brasileirão, suba para o G-6 e mostre que ainda tem alma. Se isso não acontecer, a crise pode se estender para além de 2025 — e afetar a própria cultura do clube.