
Quando Luiz Bacci, jornalista e apresentador do novo programa "Alô, Você" na SBT, estreou na madrugada de , ele acusou a antiga empregadora, a Record TV, de praticar "jogo sujo" para minar sua estreia.
Contexto da disputa entre Record e SBT
O choque começou nas redes sociais, onde Bacci publicou que a Record teria tomado medidas agressivas, como cortar a tradicional hora do programa matinal Hoje em Dia em São Paulo e avançar Balanço Geral de 11h50 para 10h50.
Segundo ele, essas mudanças são "as mais agressivas dos últimos 15 anos" na emissora. O jornalista ainda insinuou que o Hoje em Dia poderia ser extinto ou relegado a uma edição única aos sábados, algo que jamais havia sido cogitado pela direção.
Detalhes das alterações de grade
- Redução de 1h do Hoje em Dia nas regiões metropolitanas de São Paulo e em outras localidades.
- Adiantamento de Balanço Geral em 1 hora, passando das 11h50 para 10h50.
- Pressão suposta sobre repórteres locais para produzir conteúdo exclusivo para a grade nacional.
- Rumores de que o programa matinal poderia ser “sobrando” em uma estratégia baseada em jornalismo puro.
Essas modificações ocorreram entre segunda‑feira, 26 de maio, e terça‑feira, 27 de maio de 2025, exatamente quando Bacci estreou seu novo espaço na concorrente SBT.
Reações e declarações das partes
A assessoria de imprensa da Record TV descartou tudo como "fake news" e enviou um comunicado desejando "sucesso e calma" ao jornalista. Em contrapartida, Bacci, em entrevista ao Programa Flávio Ricco na LeoDias TV em , defendeu sua posição.
Ele explicou que a informação vem de "uma fonte de um jornalista que trabalha comigo" e citou números de audiência: antes das mudanças, o Hoje em Dia não superava 3 pontos, enquanto a nova grade da Record sofria reclamações das afiliadas locais por perda de entregas de audiência.
“Existe uma reclamação muito grande das praças da Record sobre a entrega de audiência do Hoje em Dia para a programação local, e isso fez a emissora repensar”, afirmou.
Análise do impacto na audiência
Especialistas em mídia, como a analista de TV Mariana Almeida, apontam que a disputa acirrada pode influenciar a disputa por pontos no horário nobre. "Quando um apresentador de peso muda de emissora, o efeito cascata costuma mexer nos contratos de publicidade e nos investimentos das afiliadas", comenta.
Dados preliminares do IBOPE, ainda confidenciais, sugerem que o "Alô, Você" arrecadou cerca de 2,8 pontos em sua estreia, enquanto o Hoje em Dia recuou para 2,9 pontos após a alteração. Se a tendência continuar, a Record pode optar por reformular o programa ou migrar recursos para outros horários.
Próximos passos e cenários possíveis
Para o futuro, duas opções parecem mais plausíveis: a Record pode cortar definitivamente o Hoje em Dia e apostar em um novo formato jornalístico, ou então reformular a grade ao ponto de oferecer mais espaço para o SBT ganhar posição.
Enquanto isso, Bacci prometeu continuar acompanhando os movimentos da concorrência e "deixar o tempo dizer" se as previsões de cancelamento se confirmam.

Perguntas Frequentes
Como a disputa afeta a audiência do "Hoje em Dia"?
A mudança de horário e a suposta pressão sobre repórteres podem reduzir ainda mais os pontos de audiência, que já estavam abaixo de 3, levando a Record a considerar ajustes ou até a extinção do programa.
Por que Luiz Bacci acusa a Record de "jogo sujo"?
Bacci acredita que a corte de uma hora do Hoje em Dia e o adiantamento de Balanço Geral são estratégias deliberadas para impedir que o público descubra seu novo programa "Alô, Você" na SBT.
Qual foi a reação oficial da Record TV?
A assessoria de imprensa classificou as alegações de Bacci como "fake news" e enviou um comunicado desejando "sucesso e calma" ao jornalista, sem admitir qualquer prática anti‑concorrencial.
O que a SBT ganhou com a chegada de Luiz Bacci?
A estreia de "Alô, Você" trouxe imediatamente cerca de 2,8 pontos de audiência, reforçando a presença da SBT na faixa da manhã e pressionando a Record a rever sua estratégia de programação.
Quais são os próximos passos para o programa "Hoje em Dia"?
Analistas esperam que a Record decida nos próximos 30 dias se reformula o formato, reduz ainda mais a grade ou encerra o programa, enquanto Bacci continuará monitorando a situação.
Comentários
Ao analisarmos a situação entre a Record e o SBT, percebemos que o conflito transcende os meros jogos de horário e se insere em uma teia de poder simbólico que permeia a mídia nacional. A decisão de antecipar o Balanço Geral, por exemplo, pode ser interpretada como um gesto de intimidação velado contra o novo programa de Bacci, que busca romper a hegemonia matinal da emissora rival. Essa manobra, se considerada isoladamente, poderia ser vista como estratégia de ajuste de grade, porém o contexto histórico das últimas duas décadas revela um padrão de retaliações que se intensificam quando talentos de peso mudam de casa. É curioso notar que, nos últimos quinze anos, poucos casos de mudanças de apresentadores resultaram em reduções tão abruptas na programação concorrente, o que aponta para um nível de desconfiança institucional que vai além das simples métricas de audiência. Além disso, a alegação de “jogo sujo” tem raízes em uma lógica de sobrevivência que remete ao conceito de “prêmio de escassez” nas teorias de economia comportamental, onde a escassez percebida alimenta a percepção de valor do programa alvo. Quando Bacci afirma que a Record teria “cortado” uma hora do Hoje em Dia, ele não está apenas denunciando um ajuste de duração, mas sinalizando uma tentativa de deslocar o foco do telespectador para o seu próprio espaço na SBT. Essa dinâmica se reforça ao observar a resposta da Record, que classificou as alegações como fake news, adotando uma postura defensiva que, por si só, pode legitimar a suspeita de manipulação. Em termos de audiência, os números preliminares do IBOPE indicam que o Alô, Você alcançou 2,8 pontos, enquanto o Hoje em Dia recuou para 2,9, uma diferença que, embora pequena, pode se traduzir em perdas financeiras significativas para os anunciantes. A questão, porém, não se limita ao aspecto econômico: trata‑se também de uma batalha simbólica por relevância cultural, onde cada minuto de tela representa um espaço de narrativa e influência sobre a opinião pública. Se a Record realmente orchestrou cortes e antecipações como forma de aprisionar o público, então está praticando um tipo de “jogo sujo” que desafia os princípios de livre concorrência prévios ao modelo de licenciamento de conteúdo. Por outro lado, é preciso considerar a possibilidade de que a própria perceção de agressividade seja alimentada por um viés de confirmação, onde Bacci, ciente de sua própria importância, interpreta qualquer ajuste como hostil. Assim, somos confrontados com um dilema epistemológico: como distinguir entre estratégia legítima de programação e manipulação intencional? A resposta talvez esteja na transparência dos processos decisórios internos das emissoras, algo que raramente é disponibilizado ao público. Em última análise, o que se observa é uma luta por espaço temporal que reflete disputas mais profundas de poder, credibilidade e influência no cenário midiático brasileiro. A narrativa continuará se desenrolando nos próximos dias, e cabe ao observador atento decifrar quais movimentos são meras coincidências e quais são indicativos de um jogo de poder deliberado.