Enquanto Dudu Camargo tenta manter a calma dentro do confinamento de A Fazenda 17, uma bomba jurídica está prestes a explodir fora das câmeras: o jornalista corre o risco de perder parte de seu cachê da Record TV para pagar R$ 13.700 em honorários advocatícios devidos ao advogado de Simony. A ordem judicial, divulgada em 3 de novembro de 2024, foi confirmada por documentos obtidos pela imprensa — e a emissora, sediada em São Paulo, já está sendo notificada para reter o valor diretamente da fonte pagadora. O caso não é apenas sobre dinheiro. É sobre justiça, privacidade e o preço de ações do passado que não foram resolvidas.
Um processo que começou no Carnaval de 2020
O embate entre Dudu Camargo e Simony tem raízes profundas. Em fevereiro de 2020, durante os festejos de Carnaval em São Paulo, a cantora denunciou importunação sexual por parte do apresentador. O caso, que na época gerou polêmica nas redes sociais, foi encaminhado à Justiça. Em 2023, a esfera civil já decidiu: Camargo foi condenado a pagar R$ 30.000 em indenização por danos morais. Com juros e correção monetária, o valor saltou para cerca de R$ 85.000 — um montante que, segundo fontes judiciais, ainda não foi integralmente quitado.Mas foi na cobrança dos honorários que a situação se complicou. O advogado de Simony, Eneas de Oliveira Matos, entrou com uma ação autônoma de cobrança em outubro de 2024. O valor de R$ 13.700 representa o que ele tem direito por ter vencido a causa. E, como Camargo não pagou voluntariamente, a Justiça autorizou a penhora de bens — incluindo receitas futuras. A Record TV, que paga cerca de R$ 150.000 pelo contrato de Camargo na 17ª edição do reality, passou a ser o alvo da execução.
Confinamento e silêncio: o outro lado da moeda
Dudu Camargo, atualmente isolado no sítio de A Fazenda 17, não tem acesso à internet, nem a telefonemas. Segundo produtores da emissora, ele foi mantido no escuro sobre a decisão judicial — uma prática comum em programas de realidade, onde o controle da narrativa é prioridade. Só será informado quando sua participação terminar, provavelmente em dezembro. Enquanto isso, ele continua gravando cenas, interagindo com os colegas e tentando manter uma imagem de normalidade.Simony, por outro lado, manteve silêncio público. Em um breve comunicado, sua assessoria disse apenas que "agradece a dedicação da equipe jurídica". Nenhum elogio, nenhuma crítica. A cantora, que voltou à mídia em 2023 com um álbum independente, parece preferir deixar que a Justiça faça seu trabalho. A estratégia é clara: evitar o circo midiático, mesmo quando o circo está acontecendo ao seu redor.
Record TV entre a espada e a parede
A Record TV está em uma posição delicada. Se não cumprir a ordem judicial, pode ser responsabilizada por descumprimento de mandado. Se pagar, corre o risco de gerar um precedente: será que qualquer credor pode bloquear cachês de participantes de reality shows? O contrato de Camargo, assinado em setembro de 2024, não prevê cláusulas específicas sobre penhoras judiciais — apenas regras gerais sobre obrigações legais.Fontes próximas à direção da emissora confirmam que estão analisando a documentação com o departamento jurídico. A preocupação não é só financeira. É de imagem. A Record TV já enfrentou críticas por manter participantes em situações de risco. Agora, pode ser acusada de financiar alguém condenado judicialmente. A emissora ainda não emitiu nenhum comunicado oficial, mas especialistas dizem que, nos próximos dias, receberá uma notificação formal do juízo.
Por que isso importa? O impacto nos reality shows
Este caso pode ser um divisor de águas para o mercado de entretenimento no Brasil. Reality shows pagam cachês altos — mas são contratos de curta duração, com pouca segurança jurídica para os participantes. Se a penhora de honorários for confirmada como prática legal, outros artistas e apresentadores podem enfrentar o mesmo destino. Imagine um cantor com dívidas tributárias, um ator com pensão alimentícia em atraso, ou um influenciador com multas de consumidor. Todos podem ser alvos.Advogados especializados em direito de imagem já discutem o assunto em fóruns jurídicos. A decisão pode abrir caminho para que credores passem a exigir retenção direta em contratos de programas de TV, sem precisar esperar que o participante saia do confinamento. Isso muda o jogo. E talvez, no futuro, contratos de reality shows passem a incluir cláusulas de garantia de pagamento de dívidas — algo que hoje raramente existe.
O que vem a seguir?
Nos próximos 30 dias, a defesa de Dudu Camargo tem prazo para depositar os R$ 13.700. Se não fizer isso, a Record TV será obrigada a reter o valor diretamente do pagamento do reality show. A emissora pode recorrer, mas a tendência da Justiça é favorável aos credores legítimos — especialmente quando há prova documental clara. Enquanto isso, o processo criminal contra Camargo continua em andamento, com audiências agendadas para o primeiro trimestre de 2025.Enquanto o país assiste às brigas, beijos e desafios de A Fazenda 17, um outro drama se desenrola em silêncio — entre papéis, juízes e contas bancárias. E talvez, quando Dudu sair do sítio, não seja só com a cabeça erguida, mas com uma dívida maior do que imaginava.
Frequently Asked Questions
Como funciona a penhora de cachê em programas de TV?
A penhora de cachê é uma medida judicial que permite a um credor receber diretamente de quem paga a dívida — no caso, a emissora de TV. Se o devedor não paga, o juiz pode determinar que a empresa retenha parte do valor devido ao participante e transfira ao credor. É comum em dívidas alimentares ou honorários advocatícios, mas raro em contratos de reality shows, o que torna este caso um precedente importante.
Por que Simony não comentou publicamente a vitória?
Simony optou por uma estratégia de silêncio estratégico. Desde o início do processo, sua equipe evitou o protagonismo midiático, focando apenas na Justiça. Isso protege sua imagem pública, evita reações negativas da audiência e mantém o foco na legitimidade da decisão judicial, em vez de em polêmicas. É uma postura cada vez mais comum entre celebridades que buscam resolver conflitos sem virar notícia diária.
Dudu Camargo ainda pode ser condenado criminalmente?
Sim. O processo civil já foi decidido, mas o criminal está em andamento. Ele responde por importunação sexual, crime previsto no Código Penal, e pode enfrentar pena de 1 a 5 anos de prisão, além de multa. A condenação civil não anula a criminal — e vice-versa. Mesmo que pague os R$ 85.000, ainda pode ser preso se o juiz criminal entender que houve crime. A defesa dele já pediu adiamento da audiência para 2025.
A Record TV pode ser responsabilizada por não reter o valor?
Sim. Se a emissora receber a notificação judicial e ignorar, pode ser considerada terceira prejudicada e sofrer multas diária até o cumprimento da ordem. A Justiça brasileira tem poder para obrigar empresas a agirem como agentes de execução — especialmente quando há comprovação de que o pagamento está sendo feito diretamente a um devedor. A Record TV está analisando o documento, mas não pode simplesmente ignorar.
Este caso pode mudar contratos de reality shows no Brasil?
Muito provavelmente. Especialistas já apontam que contratos futuros devem incluir cláusulas sobre responsabilidade por dívidas pendentes. Produtoras podem exigir declarações de quitação de honorários, pensões ou impostos antes de assinar. Isso pode aumentar os custos de produção, mas também proteger empresas de riscos jurídicos inesperados. A Record TV, por exemplo, pode passar a exigir certidões negativas de débitos de todos os participantes.
O valor de R$ 13.700 é alto para honorários advocatícios?
Não. Em processos de danos morais envolvendo celebridades, honorários costumam variar entre 20% e 30% do valor ganho. Simony obteve R$ 85.000, então R$ 13.700 representa cerca de 16% — dentro da faixa comum. O advogado Eneas de Oliveira Matos atuou em uma causa complexa, com recursos e análise de provas digitais. O valor é justo e está alinhado com a tabela da OAB. O que surpreende é o método de cobrança, não o valor.